sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Serra vai estatizar geral!


















Ontem ocorreu o debate entre os presidenciáveis na Band, debate morno, com minúsculos confrontos diretos e mais uma vez o candidato José Serra (PSDB) tentando esconder o FHC, contrário de Dilma que faz questão em mostrar o Lula. Ri muito quando vi Serra dizer que vai estatizar empresas no Brasil e que vai estruturar os Correios.
Faço abaixo um breve histórico do processo de estatizações que o PSDB já fez no Brasil.

O governo FHC, que teve José Serra como ministro do planejamento e da saúde, foi pródigo em privatizações. Só para lembrar alguns itens, vendeu a Vale do Rio Doce por 3,3 bilhões onde no ano da sua venda, tinha um patrimônio estimado em 75 bilhões. FHC admitiu em entrevista à Veja que Serra (clique aqui pra assistir a entrevista) foi quem conseguiu convencer ele da necessidade em privatizar a estatal). Privatizou as rodovias federais de maior tráfego, tendo como resultado pedágios altíssimos. Também privatizou grande parte do sistema de energia elétrica e o resultado foi o famoso apagão, além do aumento substancial do valor da eletricidade. O grande orgulho dos tucanos, pelo menos até muito pouco tempo atrás, era a privatização da telefonia, apesar de isto ter significado a cobrança das tarifas mais caras do mundo. Sabemos, agora, que a telefonia, em mãos privadas, está sofrendo panes constantemente e se encontra muito perto de um “apagão das comunicações”, sem contar que somos o país da América Latina que paga mais caro em telefonia, o governo federal ainda se vê obrigado a voltar a investir nessa área. Todas as privatizações foram feitas com amplo financiamento público, principalmente via BNDES. Onde foi parar todo o dinheiro arrecadado com a venda de tantos bens?

O PSDB governa o estado de São Paulo desde 1995, há quase 15 anos. Privatizou o Banespa por um valor tão irrisório que logo seria menor do que seu lucro anual. Recentemente, vendeu a Nossa Caixa (Lula foi lá e mandou o Banco do Brasil comprar o controle acionário da Nossa Caixa). Também privatizou as rodovias mais importantes do estado, com o mesmo resultado de pedágios muito caros. A nova linha do metrô da cidade de São Paulo foi passada a um consórcio de empresas em sistema turn key e o resultado foi um trágico acidente que mais parecia cena de Velozes e Furiosos e a demora em terminar as obras – isso para não falar do aumento do valor a ser pago pelo estado, mostrando que o louvado contrato turn key serviu apenas para que o estado abdicasse de suas responsabilidades, sem garantir o preço definido para a obra.

Na educação, o governo FHC abandonou as universidades federais. No estado de São Paulo, nos governos do PSDB, houve a terceirização da limpeza e da merenda na escola pública, com os já conhecidos escândalos. Também há escândalos sobre a compra de materiais didáticos, tanto em relação a sua qualidade, como pela forma muito pouco transparente com que foram realizadas essas compras.

Agora, a terceirização chegou aos professores. No decreto nº 54.758/09, publicado no Diário Oficial do Estado de 11 de setembro de 2009, o governador José Serra estabelece que as disciplinas curriculares de língua estrangeira podem ser cursadas nos Centros de Estudos de Línguas (CELs), que são centros do próprio estado, geralmente localizados em uma escola, que oferecem, até agora, cursos extracurriculares de línguas estrangeiras para alunos a partir da 6ª série. No entanto, o artigo 5º desse decreto diz que “esgotada a capacidade dos Centros de Estudos de Línguas - CELs de atender à demanda de alunos interessados na aprendizagem de uma língua estrangeira moderna opcional, a Secretaria da Educação poderá contar com instituições públicas e privadas que tenham por finalidade o ensino de idiomas”. Sabe-se que o número de CELs, apenas 77 em todo o estado de São Paulo, será muito inferior à demanda, o que indica que o estado recorrerá a instituições privadas estranhas ao sistema educativo, como os institutos de idiomas.

A privataria está batendo novamente à porta do Brasil, agora é o povo saber se convida-a para sentar e se hospedar na casa, ou manda Serra procurar o que fazer.

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