Ao assistirmos telejornais somos bombardeados com notícias em
sua totalidade de sentido negativo em relação à política, nos causa sensação que tudo está perdido e não adianta termos direito a voto num país que
possui tantos casos de corrupção. A sensação de falta de representatividade,
que nada adiantou a oportunidade de escolhermos a cada dois anos nossos
representantes. A mídia esquece de enaltecer tantos bons projetos, belas iniciativas e
homens sérios que conseguem desempenhar um bom trabalho em sua jornada
política, esquece também que a busca por noticiários que gerem audiência faz
com que a população fique sem fé na política como meio de transformação social.
Acredito que o Brasil possua ótimos quadros, cabe ao nosso
povo escolher melhor seus representantes e desmistificar de vez qual papel cada
ente político possui. Não é raro acreditarmos que vereadores e deputados “trouxeram”
obras para tal localidade, mesmo sabendo que eles fazem parte do nosso Poder
Legislativo e como principal função está a elaboração de leis que organizem e
facilitem nosso cotidiano, o papel de fazer obras é do Poder Executivo,
representados por prefeitos, governadores e presidente da república.
Trazendo pro âmbito das cidades, ainda perdura a figura do
vereador que consegue obras, que marca exames, procedimentos médicos, que
transporta doentes e tantas outras atividades que não fazem parte do seu
verdadeiro papel, nosso povo atua como gado, viciado, sem se dar conta que
estraga todo o processo antes mesmo do indivíduo ser eleito para representa-lo.
É necessária uma mudança estrutural em nosso país, mudança
esta que precisará germinar das atitudes de nossos eleitores, que carentes de
representatividade, trocam o seu precioso direito ao voto por qualquer vantagem
financeira que alimente seu ego e sua necessidade de curto prazo.
Esta carência por
representatividade dificilmente teria vida se tivéssemos disseminado o mandato
popular como método de participação do cidadão nos destinos da sua comunidade. Jean-Jacques Rousseau foi
um importante filósofo, escritor e teórico político suíço que relatou muito
sobre democracia e participação popular na política, em sua obra Do Contrato Social
colhemos o seguinte pensamento: “A soberania
não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada,
consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se
representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus
representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir
definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em
absoluto, não é lei.”
Bem reflexiva, questiono: não seria primordial termos mais
participação popular nas principais decisões políticas, ao invés de sermos
chamados, apenas, em casos extremos como nos referendos e plebiscitos? Não seria
interessante e motivador ter nossa representatividade de forma direta, sem essa
representatividade indireta que tanto nos contraria?
O mandato popular visa o eleito ouvir e ter um colegiado para deliberar questões
com a comunidade que o elegeu, fazendo com que as decisões inerentes ao seu
mandato não sejam frutos apenas de sua opinião pessoal, mas sim de discussão
ampla, aberta, democrática e participativa. Seus eleitores caminhariam juntos,
apoiariam mais, participariam de forma mais contundente da nossa política, pois
sentiriam que sua participação é importantíssima para a democracia plena, por
outro lado o político seria melhor compreendido, uma vez que sua decisão não
seria monocrática, mas representaria de fato a vontade dos seus eleitores.
Creio que o caminho da mudança pode ser iniciado de baixo pra cima, aos
poucos, começando pelas Câmaras de Vereadores espalhadas por nosso país, se
metade dos candidatos que estarão concorrendo aos cargos este ano, adotassem o
sistema de mandato popular, não tenham dúvida, já seria uma baita iniciativa.
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